NESTA EDIÇÃO ESTAREMOS FALANDO UM POUQUINHO SOBRE ENVELHECIMENTO, COMO ENVELHECER COM SAÚDE. ESTA MATÉRIA SERÁ DIVIDIDA EM TRÊS EDIÇÕES. NO QUAL TRARÁ ASSUNTOS SOBRE EXERCÍCIOS FÍSICOS, ALIMENTAÇÃO, AUTOESTIMA, CLÍNICAS GERIÁTRICAS, ENTREVISTAS E MUITO MAIS....NÃO PERCA!
PARTE I
Envelhecer com Saúde
Vamos admitir o exemplo mais ou menos extremo, porém freqüente, da pessoa que chega aos 70 anos diabética, hipertensa e que já teve um infarto do miocárdio. Você acha possível essa pessoa ainda ter saúde?
Dr. Wilson Jacob Fº (Dr. Wilson Jacob Filho é médico, diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.)- Costumo usar uma frase paradoxal, mas que reflete a realidade. Algumas pessoas precisam ficar doentes para ter saúde. Precisam adoecer para perceberem que são vulneráveis e não é raro ouvi-las confessar que melhoraram muito de saúde depois do infarto ou do diabetes.
Você se referiu com propriedade ao fato de que somos maus programadores, em especial quando se trata da saúde. Apesar de muitos serem capazes de programar a aposentadoria ou a revisão de carro exigida pela montadora, a maioria se esquece da saúde. Acho que para isso existe uma explicação. Só agora estamos percebendo que o único jeito de não envelhecer é morrer cedo e que o envelhecimento poderá ser gratificante para os que conseguirem conduzir bem o processo. Realidade temida, odiada ou não pensada no passado, porque era improvável ou temerária, hoje se apresenta sob perspectiva mais otimista e, portanto, faz sentido programá-la.
Além disso, já está bem estabelecido como a pessoa deve proceder e quais são os mecanismos para desviar-se das doenças mesmo que tenha predisposição genética para tal. É o caso de quem descende, por exemplo, de diabéticos. Esses têm alta probabilidade de manifestar a doença na quarta ou quinta década de vida, fase em que se verifica o pico de aparecimento da enfermidade. No entanto, se estiverem conscientes de que adotar previamente uma dieta nutricional que impeça o ganho de peso, um comportamento que favoreça a prática de atividade física e uma organização que permita distribuir durante o dia a aquisição de calorias, é provável que estejam postergando o início da doença e reduzindo o período de complicação, chamado de compressão de morbidade.
Segundo uma teoria interessante que existe a respeito, tomar tais cuidados precocemente evita que o diabetes se manifeste (exatamente o que se deseja), já que ainda não se consegue modificar o perfil genético dos indivíduos. Enquanto aguardamos que isso se torne possível, queremos que as pessoas não adoeçam e, se adoecerem, que a enfermidade seja controlada para que possam participar do universo social como se nada tivesse acontecido.
o que acontece no corpo a cada década vivida e como é possível preservar o maquinário com exercícios físicos e alimentação adequada
É um processo contínuo que se inicia ao nascermos. Cada dia vivido é um micrograma de areia na ampulheta do tempo. O modo como cada pessoa age, os hábitos de vida que adquire e os cuidados que tem consigo serão decisivos para uma velhice penosa ou, ao contrário, para uma etapa de maturidade que não extingue o tempo das descobertas e da alegria de desfrutar a existência. O que torna esse processo um fardo para muitos é o medo das limitações impostas pelas perdas do organismo.
De fato, quanto mais vivemos, maiores desgastes físicos impomos às nossas estruturas orgânicas. A pele perde gradualmente o frescor, a massa muscular e os ossos diminuem, enquanto a gordura corporal aumenta. Os sentidos antes aguçados agora precisam de artefatos (óculos, aparelhos para perda auditiva etc.)."As áreas mais afetadas vão depender de como a pessoa viveu ao longo do tempo", diz o geriatra Venceslau Antonio Coelho, do serviço de Gerontologia no Hospital Sírio-Libânes. Exemplo: pele mais envelhecida e com manchas nos idosos que não usaram filtro solar, doença pulmonar e cardíaca nos tabagistas, colesterol alto, hipertensão e diabetes, naqueles que não adotaram hábitos alimentares saudáveis, dificuldades para andar, problemas vasculares e cardíacos nos obesos e sedentários.
ATIVAR O CÉREBRO - Por outro lado, na ausência de uma pílula mágica que nos mantenha como Dorian Gray, o personagem do livro homônimo do inglês Oscar Wilde, jovens no corpo físico, a receita consagrada hoje nos meios médicos consiste em comer menos, movimentar-se mais, ativar o cérebro, buscar a vida em grupo e perseguir alguma forma de espiritualidade. Coelho acrescenta a lista repetida como um mantra em consultas com geriatras: Não fumar, praticar atividade física, ingerir bebida alcoólica com moderação, controlar o estresse, buscar uma alimentação saudável e ter vida social. Solidão, portanto, é um fator que depõe a favor de um envelhecimento mais rápido.
"É importante seguir estudando algo que sempre quis e não teve tempo ao longo da fase adulta, reinvestir em sonhos e desejos que ficaram esquecidos. É não deixar a mente envelhecer", afirma a psicanalista Dorli Kamkhagi, autora do livro Psicanálise e velhice: sobre a clínica do envelhecer (Editora Via Lettera). Pesquisas já consagraram, em experimentos com roedores, que o cérebro ativado funciona melhor na maturidade. Leituras, conversas, jogos e palavras cruzadas são potentes estímulos para os neurônios. Venceslau Coelho lembra, ainda, que "indivíduos com maior nível educacional são menos suscetíveis a quadros demenciais do que pessoas com baixa escolaridade".
Invista na sua vida social: a solidão é um fator que depõe a favor de um envelhecimento mais rápido
A atividade física melhora não só a capacidade aeróbica, mas também a massa muscular, que vai diminuindo gradualmente, com o avanço da idade.
POSTAGEM REALIZADA PELA PROFESSORA DA TUMA DA COMUNICAÇÃO: MÁRCIA PIERETTI