O Ministério Público recebeu a análise feita pelo laboratório da Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES) sobre a água de um poço usado por suspeitos de fraudar leite em Ibirubá, no Noroeste gaúcho. A propriedade é de João Irio Marques, que está preso. Ele é pai do dono de uma transportadora que coletava leite nas propriedades rurais e levava até a indústria. A amostra da água foi colhida durante a operação Leite Compen$ado na quarta-feira da semana passada. De acordo com o Ministério Público, os fraudadores usavam o poço para abastecer os tanques dos caminhões. O laudo revela que a água não era tratada e apresentava coliformes fecais. O promotor de Defesa do Consumidor, Alcindo Bastos Filho, classifica o caso como uma dupla fraude.
- Os fraudadores usavam ureia e água contaminada. É o resultado esperado pelas condições encontradas na propriedade, com o uso do poço - destaca o promotor
O engenheiro químico da Promotoria de Defesa do Consumidor, Jerônimo Friedrich, explica que uma portaria do Ministério da Saúde proíbe a presença da bactéria escherichia coli para a água ser potável. Na amostra, a presença foi de 43 nmp/ml. A água era adicionada na proporção um litro para nove de leite, segundo a investigação.
Nesta tarde, o promotor Alcindo Bastos Filho se reuniu com representantes da VRS Indústria de Laticínios, que produz leite das marcas Latvida, Hollmann, Goolac e Só Milk. A fábrica em Estrela está interditada desde a semana passada. O Ministério Público apresentou proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com obrigações e indenização para o Fundo Estadual do Consumidor. O valor proposto não é divulgado. A empresa tem 20 dias para analisar se aceita o acordo. De acordo com o promotor, ela negou a presença de formol no leite e discordou da análise feita. Os representantes garantem que as adequações foram feitas. O Ministério Público pediu nova inspeção da Secretaria Estadual da Agricultura, que pode liberar ou não a produção na fábrica. O MP também tentará firmar Termo de Ajustamento de Conduta com as indústrias dos leites Mu-Mu, Italac e Líder.
Entenda o Caso
Nove pessoas foram presas na Operação Leite Compen$ado, realizada pelo Ministério Público (MP) no interior do Rio Grande do Sul. No início do ano, foi descoberta uma fraude que pode causar problemas de saúde. De acordo com os promotores, atravessadores adicionavam ureia no leite para mascarar a adição de água durante o transporte entre a propriedade rural e as indústrias. As análises comprovaram a presença de formol, substância cancerígena. A operação foi realizada nas regiões de Horizontina, Ibirubá e Guaporé. Está proibida a comercialização de leite de vários lotes de sete marcas: Hollmann, Goolac, Só Milk, Italac, Líder, Mumu e Latvida.
Postado pelo aluno: Guilherme Sagrillo
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