E-MAIL

GALERINHA DA ESCOLA NAZARETH

TURMA DA COMUNICAÇÃO
e-mail: comunicacaonazareth@bol.com.br
Alunos: Aline Caumo, Amanda Cardoso, Cintia Lindner, Diego Vieira, Juliano Bernardi, Karen Castilhos, Maise Soares, Rafael Braga e Rodrigo Fossari.
Professora: Márcia Pieretti

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ESCOLA ESPECIAL - Parte II



APAE DE CASCAVEL

Apaes: o risco do fim preocupa mães de crianças especiais

 (Crédito: João Guilherme/Gazeta do Paraná)
 Elas eram três. Três mulheres jovens, bravas e acima de qualquer coisa, mães. Sentadas, aguardavam seus filhos saírem da aula, uma delas, acompanhada de uma bolsa térmica, vendia sanduíches. Um assunto tem tirado o sono destas mulheres e de tantas outras, a votação do PNE (Plano Nacional de Educação), que deverá acontecer no mês que vem. Solange Kanegoski, Roseli Souza e Sandra Weber perderam o sono por temor, temor pelo futuro de seus filhos. O que faltou eu contar é que estas mães estavam na recepção da Apae de Cascavel, e que quando chegou ao Senado, este plano teve alteração na meta 4, que garantia o funcionamento das Apaes. Se o plano for aprovado como está, as Apaes correm um grande risco de serem fechadas.
Para o trio de corajosas mães, quando o senador José Pimentel alterou este trecho, determinando que como meta universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino, ele o fez pelo simples fato de não conhecer a realidade. “Isso não funciona, muitas crianças precisam da Apae. As escolas regulares não possuem a estrutura necessária. Têm crianças que são cadeirantes, que não comem sozinhas, que precisam usar fraldas. As escolas regulares não têm como receber estas crianças”, destacou Solange, mãe de uma menina com Síndrome de Down. Ela destacou que sua filha até conseguiria se inserir no ensino regular, mas que essa não é a realidade de todas as crianças.
De fato não é, nossa segunda personagem, a Roseli, é mãe da Vitória, uma menina com a síndrome Cornélia de Lange, caracterizada pelo retardo do crescimento. Vitória tem dois anos e meio, mas se assemelha a um bebê. “Como vou colocar minha filha em uma escola regular? Ela se engasga, não come sozinha, precisa de uma atenção especial. Quando ela começou a vir na Apae, há 2 anos, ela nem sentava, hoje ela já consegue andar”, contou a mãe. “Eu fico desesperada só em pensar na possibilidade de a Apae fechar”.
Já a Sandra chorou. Ela, que abandonou tudo para cuidar do seu filho com Down, considera o fechamento das Apaes como um triste puxão de tapete, diante de todo o esforço que ela tem feito pelo desenvolvimento do filho. “Aqui existe uma estrutura adequada, quem quer acabar com as Apaes não conhece a realidade. Precisamos lutar por todas as crianças que precisam desse lugar, não só pelos nossos filhos”, destacou a mãe emocionada. Além destas questões a mães temem que os filhos sofram bullying, pelas crianças que não possuam necessidades especiais e não possam compreender porque o colega é diferente dele. 
Inclusão?
A ideia de inclusão das crianças especiais no ensino regular não é novidade. Há muito tempo se tem levantado esta bandeira, que de início foi vista por muitos como algo positivo, já que visava garantir que as crianças e pais conseguissem exercer o direito que tinham de optar entre o ensino especial ou regular. A lei é boa, garante vários direitos a estas pessoas, o problema é que não sai do papel. De acordo com os relatos das mães, ter acesso a estes direitos é muito difícil, o que nos deixa bastante claro que de fato, nem o Estado, nem o município têm condições de receber estas crianças. Um exemplo claro é o direito que toda a criança especial que for inserida no ensino regular de ter um professor PAP, um profissional que tem como função acompanhar de maneira singular o aluno especial. Segundo Solange muitas mães estão precisando acionar o Ministério Público para conseguir ter acesso a este direito.
A mãe de um casal de crianças que não falam e nem andam, Amanda Vicente Basso, contou que para que seus filhos pudessem estudar em uma escola regular, particular, ela teve que tirar dinheiro do bolso para comprar a cadeira adequada para que seus filhos pudessem assistir aula. Para ela, esta política faz uma ação contrária ao que propõem e ao invés de incluir, exclui as crianças. A ideia dela é semelhante à da professora, Elaine Nicolai: “Vai gerar uma discriminação total. Muitas crianças não vão conseguir acompanhar as demais”, disse.
Os funcionários da Apae não temem perder o emprego, visto que são funcionárias do estado que foram cedidas à Apae. O problema é que, como relatou a diretora Wagna Sutana, quem trabalha naquele local precisa ter amor pelas crianças, e evidentemente se preocupa com o destino delas. “A maior preocupação é saber aonde vão parar? Até porque além das crianças, atendemos alguns adultos”, relatou.
Três Estados
Atualmente quem escolhe se o filho vai para uma escola ou para uma Apae, são os pais. O que garante este direito é a própria meta 4 no Plano Nacional de Educação. A questão é que desde o dia 28 de maio deste ano, quando a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) aprovou o PNE (Plano Nacional de Educação). O tal plano estabelece 20 metas e centenas de diretrizes para o setor para os próximos dez anos. Entre estas diretrizes, uma das quais sofreu alteração foi a meta 4, sendo que ela, que concedia o livre arbítrio, neste novo plano determinaria que toda a criança especial fosse inserida em escolas regulares. Esta meta iria inutilizar as Apaes, que então seria fechadas. Este plano deve ser votado em Plenário no mês que vem.
“A preocupação é grande, principalmente por ser um programa para os próximos dez anos. Isso quer dizer que se ele chegar a ser aprovado, elas será a realidade por um longo período”, destacou Amanda.  Já a diretora destacou que além da meta 4, este PNE visaria o fim do recurso do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação ) para as escolas especiais. “A gente depende desse recurso para manter as escolas. Cortando essa verba a escola não terá como se manter”, desabafou.
Segundo a diretora o Paraná é um entre os únicos três estados que ainda possuem Apae, nos outros locais estas foram transformadas em centros, os AEE (Atendimento Educacional Especializado). Neste locais a criança frequenta o ensino regular, mas conta com estes centros para outros atendimentos, como saúde, por exemplo. “Em Santa Catarina é assim. Tenho uma amiga que tem um filho especial e que hoje não frequenta mais escola. Ela contou que pela falta de estrutura e pela discriminação dos colegas, a criança não quer mais ir à aula. Ela me disse que cansou de insistir. Ele é uma criança com um potencial enorme. Se este plano for aprovado as crianças vão virar só mais um número dentro da sala de aula e não vão conseguir se desenvolver”, destacou Amanda.
Mão na massa
A sorte é que além de corajosas, estas mães e professoras colocam a mão na massa. Diante do descontentamento com a possibilidade de as Apaes fecharem, hoje às 14 horas em frente à Catedral, será realizado um protesto. A iniciativa partiu da Federação Nacional de Apaes, que comunicou a data nacional de protestos através de ofícios enviados à Apaes de todo o País. A ideia foi recebida e prontamente acatada. No dia 14 será a vez de um único protesto nacional, em Brasília, o qual contará com a presença das Apaes de todo o Brasil.

Postado pela Aluna: Patrícia Mokwa Pianezzola. (Turma da Comunicação)

Nenhum comentário:

Postar um comentário