Discoteca na Espanha tem noite exclusiva para deficientes
Anelise Infante
De Madri para a BBC
Brasil
Domingo é dia de
matinê especial em
Barcelona. Uma das discotecas mais badaladas da cidade
espanhola reserva a noite para que portadores de deficiências mentais possam
dançar e paquerar livremente.
Ao contrário de uma discoteca comum, no
entanto, álcool, cigarros e bebidas energéticas estão proibidos nas noites de
domingo da boate Luz de Gas. A medida foi tomada porque a maioria dos
frequentadores da matinê especial toma remédios fortes.
Outras adaptações também foram feitas. A
iluminação é controlada, para evitar possíveis ataques epiléticos, e seis
monitores acompanham os frequentadores para auxiliar em eventuais emergências.
O resto do ambiente, no entanto, é igual ao
das outras noites, com música, DJs, barmen, diversão e paquera.
A matinê especial funciona há um ano e foi
criada pela Fundação Ludalia, que auxilia portadores de deficiências mentais.
A festa, que começa às 17h30 e termina às
21h, é exclusiva para pessoas entre 18 e 45 anos com Síndrome de Down,
paralisia cerebral e outras deficiências.
Lazer
Mãe de um portador de deficiência mental, a
diretora da fundação, Consól Ferrer, afirma que o projeto nasceu por causa da
falta de alternativas de lazer para estas pessoas. Segundo ela, alguns lugares
"tratam os deficientes de maneira infantil".
A ideia da matinê especial surgiu em2001. A primeira tentativa, no entanto,
fracassou quando os organizadores tentaram criar uma noite de integração entre
deficientes e pessoas sem deficiências.
"Foi um desastre. Ali ficou claro que eles precisavam de um espaço próprio. Eles têm a mesma vontade de dançar, se divertir, estar com amigos e paquerar, como qualquer outro jovem", afirmou à BBC Brasil a monitora Ruth Ruiz.
A ideia da matinê especial surgiu em
"Foi um desastre. Ali ficou claro que eles precisavam de um espaço próprio. Eles têm a mesma vontade de dançar, se divertir, estar com amigos e paquerar, como qualquer outro jovem", afirmou à BBC Brasil a monitora Ruth Ruiz.
A diretora da Fundação Ludalia também afirma
que a experiência fez com que eles decidissem criar uma noite exclusiva para os
jovens deficientes.
"Sei que parece uma contradição, fazer
uma noite exclusiva quando pedimos integração. Mas, misturar jovens deficientes
com os que não são para que façam amigos e arranjem namorados, não é um
objetivo realista", afirma.
Romances
Desta vez, o espaço exclusivo tem a colaboração dos donos da discoteca, que cedem as instalações e a arrecadação da noite para os outros projetos da fundação.
Desta vez, o espaço exclusivo tem a colaboração dos donos da discoteca, que cedem as instalações e a arrecadação da noite para os outros projetos da fundação.
Os frequentadores pagam 7 euros (cerca de R$
20) pela entrada, com direito a consumação.
"(A cobrança da entrada existe) para
que eles se conscientizem de que tudo tem um valor. Se todo mundo paga por uma
entrada, eles também. Assim, compreendem como funcionam as coisas quando um
adulto sai sozinho", afirma Consól Ferrer.
Dentro da discoteca, os DJs tocam músicas da moda, às vezes há shows ao vivo, e os deficientes se sentem à vontade, principalmente porque os pais não podem entrar.
Dentro da discoteca, os DJs tocam músicas da moda, às vezes há shows ao vivo, e os deficientes se sentem à vontade, principalmente porque os pais não podem entrar.
Para os seis monitores voluntários, a
proibição da entrada dos pais ajuda a promover a independência e respeita a
privacidade dos jovens, especialmente na hora da paquera.
"Surgem muitos romances ali",
comenta Ruth Ruiz, uma das monitoras.
"A minha função é atender, conversar e,
se for preciso, dançar com eles e vigiar para que esses romances não saiam dos
limites. No fim das contas, eles estão aprendendo a se relacionar",
completou.
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